A glorificação de Tiradentes pelos maçons[1]

28-04-2012 12:41

 

 

Narrativas maçônicas encontram explicações, também, para um instigante mistério referente ao sumiço da cabeça de Tiradentes. A urna funerária contendo a cabeça do herói da Conjuração teria sido retirada secretamente às altas horas da noite pelos “irmãos” remanescentes do movimento. O roubo da cabeça teria sido, segundo Raimundo Vargas, uma das primeiras afrontas da Maçonaria às autoridades repressoras portuguesas, mostrando-lhes que “a luta só começava”. Segundo autores Maçons, não teria sido por acaso que, no mesmo local onde a cabeça de Tiradentes fora exposta, o então presidente da província mineira e Grão – Mestre da Maçonaria Brasileira, Joaquim Saldanha Marinho, em 3 de abril de 1867, ergueu uma coluna de pedra em memória do Mártir da Independência, considerado maçom.

Assim se entende em quais circunstâncias a maçonaria tomou Tiradentes como símbolo maior no Brasil já no século XIX. A partir de 1870, ocorreu um crescimento acelerado do número de Lojas Maçônicas no país e muitas destas foram batizadas de “Tiradentes”. Frequentemente suas bibliotecas tinham o conjurado por patrono e até mesmo os jornais maçônicos carregavam seu nome já no século XIX. Tiradentes parece ganhar em definitivo um lugar de destaque no panteão maçônico,  tornando-se patrono da Academia Maçônica de Letras.

E a engrenagem simbólica continuou se recriando em longa duração. Ainda, em 17 de abril de 1956, Maçons iniciaram uma discussão na Assembléia Legislativa de Minas Gerais, com o intuito de restaurar o uso do triângulo vermelho, supostamente maçônico: na época, utilizava-se o verde. O trabalho de Tenório D’Albuquerque, A Bandeira Maçônica dos Inconfidentes, no qual ele utiliza as explicações maçônicas para justificar o vermelho, foi lido na sessão da Assembléia, atingindo o objetivo esperado. O triângulo vermelho voltou à Bandeira de Minas e o Estado aceitou oficialmente a sua versão maçônica sobre a Conjuração Maçônica.



[1] Resumo encaminhado pelo M.’.M.’.I.’.Weide Jose, Venerável da Loja Paz e Progresso III Nº 1, extraído do livro O Poder da Maçonaria, de Marco Morel & Françoise Jena de Oliveira Souza. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.