CRUZADOS, TEMPLÁRIOS, HOSPITALÁRIOS E TEUTÔNICOS

05-05-2015 10:25

 

 

O próprio título assim o sugere, uma vez que os cruzados eram, efetivamente, cavaleiros que vieram do Ocidente para estabelecer um reino cristão no Oriente. Esse reino, com sua capital em Jerusalém, durou quase dois séculos, desde a tomada de Jerusalém, em 1099, pelos cruzados, até 1187, quando a cidade foi retomada pelos muçulmanos, comandados por Saladino, sultão do Egito. Nesse período de domínio cristão na Terra Santa, foram fundadas diversas ordens de cavalaria, sendo as três mais importantes: as Ordens dos Templários, dos Hospitalários e dos Cavaleiros Teutônicos.

Muita gente confunde Templários com Cruzados. As cruzadas foram tropas ocidentais enviadas à Palestina para recuperarem a liberdade de acesso dos cristãos à Jerusalém. A guerra pela Terra Santa, que durou do século XI ao XIV, foi iniciada logo após o domínio dos turcos seljúcidas[1] sobre esta região considerada sagrada para os cristãos. Após domínio da região, os turcos passaram impedir ferozmente a peregrinação dos europeus, através da captura e do assassinato de muitos peregrinos que visitavam o local unicamente pela fé.

Organização 

Em 1095, Urbano II, em oposição a este impedimento, convocou um grande número de fiéis para lutarem pela causa. Muitos camponeses foram a combate pela promessa de que receberiam reconhecimento espiritual e recompensas da Igreja; contudo, esta primeira batalha fracassou e muitos perderam suas vidas em combate. Somente após a Primeira Cruzada é que foi criada a Ordem dos Cavaleiros Templários que tiveram importante participação militar nos combates das seguintes Cruzadas.

Após a derrota na 1ª Cruzada, outro exército ocidental, comandado pelos franceses, invadiu o oriente para lutar pela mesma causa. Seus soldados usavam, como emblema, o sinal da cruz costurado sobre seus uniformes de batalha. Sob a liderança de Godofredo de Bulhão, estes guerreiros massacraram os turcos durante o combate e tomaram Jerusalém, permitindo novamente livre para acesso aos peregrinos.

Outros confrontos deste tipo ocorreram, porém, somente a sexta edição (1228-1229) ocorreu de forma pacífica. As demais serviram somente para prejudicar o relacionamento religioso entre ocidente e oriente. A relação dos dois continentes ficava cada vez mais desgastada devido à violência e a ambição desenfreada que havia tomado conta dos cruzados, e, sobre isso, o clero católico nada podia fazer para controlar a situação. 

Embora não tenham sido bem sucedidas, a ponto de até crianças terem feito parte e morrido por este tipo de luta, estes combates atraíram grandes reis como Ricardo I, também chamado de Ricardo Coração de Leão, e Luís IX. 

 

Os Templários

 

 

Oficialmente, a Ordem foi fundada por Hugo de Payens após a Primeira Cruzada, em 1119, com a finalidade de defender a Terra Santa dos ataques dos maometanos, mantendo os reinos cristãos que as Cruzadas haviam fundado no Oriente.

Os seus membros faziam voto de pobreza e seu símbolo passou a ser um cavalo montado por dois cavaleiros. Em decorrência do local de sua sede (junto ao local onde existira o Templo de Salomão, em Jerusalém) do voto de pobreza e da fé em Cristo surgiu o nome “Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão”. Sua bandeira consistia em uma cruz vermelha sobre um fundo mosaico preto-e-branco; nos templos, esta bandeira era representada pelo pavimento mosaico.

 

Os Hospitalários

 

Por volta de 1099, alguns mercadores de Amalfi fundaram em Jerusalém, sob a regra de S. Bento e com a indicação de Santa Maria Latina, uma casa religiosa para recolha de peregrinos. Anos mais tarde construíram junto dela um hospital que recebeu, de Godofredo de Bulhão, doações que lhe asseguraram a existência, desligou-se da igreja de Santa Maria e passou-se a formar congregação especial, sob o nome de São João Baptista.

Em 1113, o Papa nomeou-a congregação, sob o título de São João, e deu-lhe regra própria. Em 1120, o francês Raimundo de Puy, nomeado Grão-Mestre, acrescentou ao cuidado com os doentes o serviço militar.

“Hospitalários” vem da palavra “Hospício”, que naquele tempo tinha a conotação de local para tratamento e/ou hospedagem de pessoas doentes ou pobres sem gratificação, monetária ou econômica, ao serviço prestado. Então quando vocês lerem por ai que os Hospitalários eram proprietários de vários hospícios (Hospices) na Terra Santa, não vão achar que eles eram psiquiatras! (se bem que… dada todas as condições de horror das batalhas, pensando bem, não era um nome tão inapropriado assim…). Do seu nome, vem a palavra “Hospital” que usamos até hoje como sinônimo para “Edifício onde se tratam os doentes”. Mais tarde, veremos que a Ordem irá mudar seu nome e local de sede por motivos alheios à sua vontade, adotando uma nova bandeira que hoje é mundialmente conhecida.

 

Os Teutônicos

 

Fundados no Acre, em Israel, a partir do século XII (mas cuja origem precisa remota a 1143, quando o Papa Celestino II pediu um destacamento especial de Hospitalários que falassem a língua germânica para tomar conta de um hospital especial para peregrinos alemães, o Domus Theutonicum), tinha originalmente o nome de “Cavaleiros Teutônicos do Hospital de Santa Maria em Jerusalém” (Ordo domus Sanctæ Mariæ Theutonicorum). Formados a partir de tropas germânicas, nunca tiveram um número muito grande de membros, pois todos os principais cavaleiros sempre tinham origem nobre. Durante os períodos mais complicados, eles recrutavam voluntários e mercenários, que não eram considerados do “Círculo Interno” da Ordem.

Seu primeiro grão mestre foi Henrich Walpot Von Bassenheim (governou de 1198 a 1200). Walpot recebeu em 1199 as regras de Monastério dos Templários das mãos deGilbert Horal, Grão estre Templário na ocasião, e foi ele quem transformou a Ordem de médicos e protetores para monges guerreiros. Walpot morreu em batalha no Acre[2], em 1200.

Os Teutônicos tiveram uma influência muito grande na defesa da região, mas quando os cristãos foram derrotados em 1211, os Teutônicos moveram sua sede para a Transilvânia, para ajudar a defender a Hungria dos ataques dos turcos muçulmanos.

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[1] Os seljúcidas, seldjúcidas ou seljuques eram um povo nômade turco, de religião islâmica sunita que, gradualmente, adotou a cultura persa e contribuiu para a tradição turco-persa, na Ásia medieval Central e Ocidental. Estabeleceram o chamado Império Seldjúcida que se estendia das estepes cazaques da Ásia Central, até a atual Turquia e Palestina. Devido à conquista desta última, tornaram-se alvos dos cristãos ocidentais.

[2] Acre é uma cidade de Israel, situada na região da Galileia, a norte da Baía de Haifa, na costa do Mediterrâneo, localizada num promontório (cabo que termina em formação rochosa elevada, despenhadeiro), próximo do Monte Carmelo e possui, atualmente, 45.000 habitantes.